Bloqueio das estradas por manifestantes afeta negativamente empresas dos setores de transporte, agronegócio e supermercados

Bloqueios de estradas em pelo menos 20 estados e no Distrito Federal, liderados por manifestantes descontentes com os resultados eleitorais, podem afetar negativamente empresas dos setores de transporte, agronegócio e supermercados na bolsa. Por enquanto, o impacto no mercado é limitado, já que o movimento de bloqueio de estradas não teve apoio de entidades de classe e autoridades para desobstruir as estradas.

O setor mais afetado serão os supermercados, devido à falta de entregas de produtos. Depois, há toda a cadeia produtiva da empresa, inclusive a empresa que faz o transporte. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados observou que o setor já enfrenta dificuldades de abastecimento por conta da obstrução das vias. Além disso, a Frente Parlamentar Agropecuária disse que os bloqueios afetam as cadeias rurais: existem sérias preocupações sobre as barreiras ao transporte de carne fresca para os consumidores, o que afeta as empresas frigoríficas.

“Prejudica o abastecimento, porque os produtos são transportados via rodoviária, da indústria produtora para centros de distribuição. Desde que começou, há prejuízo ao abastecimento, que fica mais lento às vezes até impedido”, diz Carlos Lorenzo, diretor administrativo do Sindicato da Indústria do Frio (Sindifrio), que representa os frigoríficos do estado de São Paulo. “Não vou dizer que vai haver desabastecimento, mas pode ser que haja menor oferta do produto.”

O setor do agronegócio já sofre com o impacto econômico dos bloqueios. Um representante da indústria de processamento de carne do estado de Mato Grosso disse à BBC Brazil News na terça-feira que a indústria de carne bovina do estado foi parcialmente paralisada devido a dificuldades no transporte de animais vivos para abate.

“Temos abate todos os dias, dependemos do transporte diário para a produção. Desde segunda-feira, não podemos viajar, então a indústria está efetivamente paralisada agora”, disse um presidente da associação do setor, que pediu para não ser identificado.

Gustavo Beduschi, diretor executivo da Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios), explica que quando as estradas param, o setor é sempre um dos primeiros a ser afetado, pois a matéria-prima é coletada dos produtores todos os dias. Um exemplo muito forte disso é a previsão da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos) de que pelo menos 500 mil litros de leite serão perdidos todos os dias a partir desta quinta-feira (3) se as manifestações nas estradas não pararem imediatamente. Segundo a entidade, 30 linhas de produção de diversos produtos alimentícios estão atualmente paradas devido aos protestos.

Como se pode ver, todo o setor logístico brasileiro foi afetado de alguma forma pelas manifestações. Milhares de veículos de carga ficaram parados por dias, sem previsão de quando as pistas seriam desobstruídas. Assim, houve um atraso no setor. Como consequência, os prazos de entrega de bens devem mudar, principalmente se forem itens que estragam rapidamente. Nesses casos, como o da laranja ou até do leite, as mercadorias não devem nem chegar ao seu destino, já que estragaram antes mesmo do fim das manifestações. O prejuízo é inegável, mas especialistas afirmam que será completamente possível que o país se recupere rapidamente, devido a curta duração das manifestações.

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